sábado, 26 de abril de 2014

RIO DE JANEIRO, 2014

Depois de mais de 70 viagens registradas neste blog, faltava, claro, o Rio de Janeiro. 
Eu tinha uma resistência em visitar o Rio por causa da violência exibida pela mídia e por causa do aglomerado de cidade grande, o que, às vezes, impede um registro legal. Também tinha um certo preconceito com os cariocas, por causa do seu jeito de ser, também estereotipado nos programas de humor e nos noticiários. Assim, não levei a câmera, com medo de perdê-la, tendo a intenção de registrar todas as imagens com a câmera do celular. Me preparei para andar novamente sobressaltado pelas ruas e estar sempre atento a possíveis abordagens, o que eu já havia deixado de fazer desde que me mudei de Fortaleza, Ce, para Uberlândia, Mg. Então, conseguimos uma pousada relativamente em conta em Ipanema, e fomos, inseguros, super-atentos e sem saber muito o que esperar dos momentos de lazer.
O problema é que o Rio de Janeiro, além de lindo (Gilberto Gil), continua sedutor. A cidade me seduziu da forma mais bonita que ela pode: pela música. Na chegada, era como se eu andasse pelas ruas ouvindo a trilha sonora. Bem antes, na descida do avião, era como se ouvisse na minha mente, Tom Jobim sussurrando: "minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro". Da saída do Santos Dumont até a Avenida Atlântica, eu ouvia: "é bonita essa Copacabana, é bonita, bonita demais (Nelson Gonçalves)". Em seguida eu ouvi Cazuza: "vago na lua deserta das pedras do Arpoador, vivo num clipe sem nexo, um pierrot retrocesso, meio bossa nova (Ipanema) e rock and roll". Ficamos hospedados na rua Barão da Torre, numa pousada que já foi casa do Tom Jobim entre 1963 e 1965. Essa rua é paralela à rua Nascimento Silva. Quando passei em frente ao número 107, ouvi Vinícius: "rua Nascimento Silva 107, você ensinando pra Elizeth, as canções de canção do amor demais". Assim, o Rio de Janeiro foi me mostrando que estar no cenário onde a música é feita, dá a ela uma outra conotação e um novo vigor na sua alma. Quando dei por mim, estava apaixonado pela cidade.
Vi a malandragem com outros olhos, quando vi os barraqueiros da praia usando toda a sua malícia para proteger seus clientes e quando vi os limpadores de para-brisa nos sinais da zona sul, receberem "não" e não hostilizarem os pretensos clientes, por causa do policiamento. Vi gente de todo jeito, mas sempre alegre, viva, de bicicleta, de skate, de patins, de tênis, de chinelo, de moto e de carro. Vi as belíssimas mulheres cariocas, de sapato baixo, roupas coloridas e musicalidade no corpo, em oposição às desengonçadas paulistas de sapato alto e alguma roupa preta; vi homens bonitos, negros e brancos; vi os idosos, sempre elegantes, com lenço no bolso do paletó e as senhoras com lenço no pescoço; vi trabalhadores, estudantes, babás, seguranças e motoristas. Vi Monique Evans, Rui Castro, Bruno Gouveia e Maria Clara Gueiros. O que não vi foi a tal da violência gratuita que eu tanto esperava e temia, a mesma que vi muitas vezes em Fortaleza, e que realmente me cansou na vida. 
Vi um Rio diferente, com um povo diferente e saí de lá querendo voltar em breve, como quem volta para rever uma paixão. A companhia da Nara, minha namorada e companheira, também me ajudou a mudar meu conceito sobre o Rio, porque andar de mãos dadas com ela pelas ruas de Ipanema, foi, de longe, uma das coisas mais prazerosas que fizemos em termos de passeio, desde os tempos em que andávamos de mãos dadas pelas ruas de Sampa, o que também foi muito legal. Agora, chegar com ela na posto 9, de roupa de banho, óculos escuros e protetor solar, me rejuvenesceu bastante e marcou o ano em que completo 50 anos. 
Acho que era assim que eu queria chegar aos 50. Apaixonado pela Nara, pela vida, pela praia, pelo boteco, pelo lazer, pelo passeio, pelas viagens e em paz comigo mesmo. Obrigado Rio de Janeiro, e, como um bom aprendiz: a bênção Tom Jobim, a bênção Vinícius, a bênção Pimentinha, carioca honorária desde o beco das garrafas, a bênção Chico Buarque de Holanda. Até breve, Cidade Maravilhosa.








Para ver o clipe, clique aqui.


Nome do nosso quarto na Pousada Bonita, rua Barão da Torre, 107, Ipanema, Rj.
Tom Jobim morou aqui entre 1963 e 65.
O clipe de Águas de Março pode ser visto aqui.

Na pousada, essa borboleta acabara de deixar o casulo.


Vista do outro lado.

A pousada...



Ipanema

Morro do Vidigal














Vendedor de biquini.

Rua Nascimento Silva, 107, Ipanema.
Para ver o clipe, clique aqui.


Rua Nascimento Silva com Rua Vinícius de Morais.





terça-feira, 15 de abril de 2014

OURO PRETO, MG

Quando pensei em comentar as fotos de Ouro Preto, me deparei com muita coisa a dizer e pouca competência para tanto. Assim, resolvi colocar o link da Wikipédia, para quem quiser ler mais sobre a cidade, que se constitui numa grande aula de História do Brasil a céu aberto. Quanto às emoções, senti tristeza ao imaginar o trabalho escravo na construção de prédios, ruas e igrejas; emoção ao ver as obras do Aleijadinho, projetando nas estátuas o sofrimento de suas doenças; revolta, ao compreender que 2/3 do ouro do mundo saiu desse lugar e foi quase todo levado para fora do Brasil; indignação pela corrupção secular na nossa história, tanto do clero quanto da classe política; admiração por Chico Rey, por roubar ouro para fazer uma igreja onde os pretos pudessem entrar; alegria por contemplar a arquitetura e a genialidade dos construtores que ergueram sobradões sobre montanhas, com adobe e madeira. Enfim, o lugar é emocionante e uma visão, uma análise, provoca no viajante um embaraço de sentimentos. Seguem as imagens:

Igreja de N. S. Conceição em três momentos do dia:
 1

2

3


É muito legal você visitar o lugar que você tem o quadro em casa.
Quadro da Igreja de N. S. das Mercês de Alfredo Barros em 1985.

Igreja de N. S. das Mercês in loco em 2014










Praça Tiradentes, onde Joaquim José da Silva Xavier foi esquartejado e teve sua cabeça exposta como exemplo aos revoltosos.












Acho que já passou da hora de proibirem veículos no centro histórico.


















Igreja de São Francisco













Na quaresma, as janelas ganham panos roxos ou vermelhos e as imagens de Cristo e dos santos padroeiros são cobertas nas igrejas.










Estação construída no tempo de D. Pedro II.



 As duas imagens abaixo são da Cachoeira Bigode do Chinês.






As duas imagens próximas são da Lagoa do Coração: quem ver um coração é porque está apaixonado.


No tempo da corrida do ouro, estas estradas brilhavam, literalmente, por causa do transporte do metal.
 


As duas imagens abaixo são da Cachoeira Mombaça, nome dado pelos escravos que achavam o lugar parecido com Mombaça, no Quênia, Africa, litoral do Oceano Índico. 


Na montanha, os recortes por onde passa o trem.













Janela da Pousada Vila Rica, antigo colégio de Ouro Preto

Últimas imagens na hora de voltar...